segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sob a chuva


"... foi quando parei molhada, olhei para trás e vi a chuva me seguindo. Sob o guarda-chuva e o barulho da chuva ouvindo, em silêncio deixei as lágrimas seguirem o ritmo das gotas. Ninguém desconfiou do pranto, havia tanta água por ali.

Em meio à visão turva, te vi partindo, me vi também, por dentro. Acenei como uma criança perdida ao relento. Fiquei na esperança de revê-lo o quanto antes, relutei em sair dali. Os olhos fecharam lentamente em busca do teu cheiro...

O tempo congelou quando a mente voava nas lembranças, mas a chuva continuava e no rosto o vento soprava. Contentei-me apenas com o gosto do teu beijo e a dor da saudade.

A partir de então vivo dispersa e com receio. Pensar em ti é um perigo até quando dirijo pelas ruas, por segundos fico cega, imaginando que as curvas são tuas. Já não sei mais onde me abrigo, pois encontrei outras moradas nessas lembranças que me apego.

Não o vejo há tantos dias. Já não tenho mais sossego. Sozinha nas noites frias, com o silêncio ainda brigo. Quero muito o fim das horas, pra revê-lo logo, com o teu jeito meigo e divertido, alimentar-me com o teu sorriso, e juntos contarmos novas histórias e estrelas... Não sei mais ficar comigo! Te amo mais do que tudo! De tua esposa eterna!"


Após enviar esta carta esperei ansiosa por uma resposta, que ainda não veio. Torço para que o correio tenha atrasado! Sim, só pode ter atrasado!

Depois de alguns dias bateram em minha porta. Eram dois oficiais com papéis nas mãos. Tiraram seus quepes, baixando lentamente a guarda...

Então lembrei daquele dia de chuva e tornei a congelar, os olhos fecharam novamente em busca do cheiro dele... em vão! Deixei as lágrimas seguirem o ritmo, do silêncio... Desmaiei, para em seguida continuar morrendo todos os outros dias, que ainda me restam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela visita e volte sempre!