sábado, 26 de fevereiro de 2011

Após ingerir cogumelos













Na terra do sol nascente
os olhos parecem continuar
em regime semi-aberto

Sensíveis apenas
ao dissabor da claridade
dos cogumelos gigantes

Mas Pôr-Ardor faz lembrar
balas voadoras de wasabi
sobre tantos outros inocentes

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Não quero mais navegar

Às vezes sem esperança
Fito os meus olhos, no fundo
Há tanta gente no mundo
Como fazer diferença?

Calar é tão fácil
Quando a alma
Procura falar

Em pixels navego
É fato, sou foto, 3x4
Com um lado fraco
Meu ego é manco

De mim mesmo eu rio
Desemboco num afogar
Engolindo nenhuma resposta

Por favor, abra a porta!
Deixe-me entrar!
Estou com tanto frio!
Não quero mais navegar!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Tapada

Vivia na base do tapa
um após o outro
Até que um dia
a asfixia tapou sua voz
e o silêncio virou capa

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Bombado













Estoura a bomba
Pedaços, latidos, luz
Alá salvo e são

Vassoura, voa a pomba
Doido varrido, urubus
Lá no alvo farejam

Por que a Terra gira?










A Terra girando
Espeto de carne molhada
sobre olhos de brasas

Parada
Meio crua
Meio queimada
Um não à vida

O Sol e suas línguas
lambendo alvoradas
Flashes em frames
Fótons instantâneos

Revelações de um paparazzo
O Hélio que nos persegue
todos os dias de todas as vidas

Holofote incansável
o astro rei sabe que a noite é só nossa
e que a luz da Lua zela os nossos sonhos
para poupar-nos dos pesadelos
das noites mais sombrias dos medos

E que sem ele
em cada poro de pele
de cada semblante
não seríamos nada,
nem astro, nem asno,
nem fala! A vida é chocante!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Fim de tarde










Quando os ponteiros sobrevoam a tarde e o sol se despede do mar, um céu rosado vem cobrir os meus olhos. Ouço um sino bater cada vez mais distante, enquanto meu corpo fica em silêncio. Sinto-me um rei sem trono; não há como guerrear de consciência desarmada. No linguajar do sono só me resta bocejar e esperar pela madrugada...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Num beijo sem fim











Apaga o meu fogo
Num beijo sem fim
Morrerei de amor
Em teus braços
Sem ar, sem mim

Sem nada a dizer...

No espaço do rogo
Ouvirás um clarim
Partirei sem dor
Os últimos passos
Pois amar é assim

O que posso fazer?