sábado, 26 de dezembro de 2015

No Natal, tudo que reluz é ouro

Lembro-me bem,
era Dezembro...
Botas de couro
Pegadas, marcas
Longos caminhos
Chão fofo e denso

Tenso, flocos de neve
revestiam o oco do estômago,
acobertando o vazio do frio.
O âmago ainda sadio

Horas depois, uma cidade
com luzes piscantes
iluminando semblantes.
Jamais viu tantos enfeites.
De tão maravilhado, petrificou-se
A fome deu meia-volta e partiu...

O gélido garoto
hipnotizado com tantas luzes e cores,
só queria saber de brincar.
Pegou um dos pacotes sob a árvore,
abriu-o escondido e correu

Sobre um skate voador
flutuava no futuro
Perdeu-se
sorridente no tempo
sentia-se leve
por um instante...

O ouro? Deu branco!

Texto vencedor do 2o Concurso Cultural "Luzes de Natal" promovido pelo blog sobre o gênio Charlie Chaplin (http://blogchaplin.com).



terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Sir Merdian di Frapê

Monossílabo
Parco, raso
Parque abandonado
Point dos diálogos
entre vento e dobradiças
em assentos descascados

Lá passeiam os fenos
e a ferrugem faz morada
Tétanos sedentos riem
Há um bug no seu gene
Um berne ensaia um réquiem

Fulano, cê mira errado
A privada é pra cima
Morno caldo de pira aguado
Baldo, lira sem dedilhado
Só contempla o inesperado

Seu vazio é monólogo
Sem ecos, eca, tareco
peteleco na orêia seca, ogro

domingo, 20 de dezembro de 2015

Torre de papel

Incêndio
Milésimo andar
Doem as pernas
da rotina

Na retina de Renata
Medo, cansaço, alegria
Pulam em chamas
Queima a ata de Marina
O telegrama reclama

Palavras deturpam processos
Vertigem... despenca o rito
Queda livre

O grito, universal
O carbono, combustível
Outono controvertível
Fuligem no quintal

O céu azuleja e preza

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Ode angelical

Uno, uma
Sopro d'alma
que desfia brumas
descortina destinos
em canto encanta

Derrama dos olhos
a verdade branda
em rios verdes
que lavram vidas

Una
Céu e Terra
e me livra...
Livro-me

Bruna
O fel da maldade é nada
à sua doce bondade

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Brisálito

É agora que sinto os ares
de sonhos profundos
e suspiros noturnos

Hálitos de menta

O fim dos olhares
em pesadelos soturnos
e medos fugazes

A dica da avó
A vodka esquenta
E venta no céu da boca
Um anel despenca

Ninguém vê
Saturno também brinca
de bambolê

sábado, 31 de outubro de 2015

O jardineiro e a Primavera

Por que eu temeria o mar
se minha vida é uma ilha?
Sobreviver virou sonhar
Minha história foi ferida

Sigamos errantes
A Terra não foi prometida
como dito antes

Daraa a Deus dará
O sacrifício é o levante
A primavera álibi, será?
Busco flores noutro continente

Onde o nosso menino
perdeu sua pipa