segunda-feira, 28 de março de 2011

Entre nós










Há uma verdade entre nós
O forte enlace do nosso amor

No despertar dos olhos
Dois corpos livres, amarrados

Cordas que se enroscam
Entre beijos enamorados

Não há nada que nos desate
Nem força que nos rompa

Mesmo que o tempo nos desgaste
E esfrie o nosso sangue na sombra

A brancura de nossas almas
Será alvorada pura, no céu negro da morte

quarta-feira, 23 de março de 2011

Veio da água













Enquanto um embrião não vinga
Há quem jogue fora um filho

Enquanto clama-se pela vida
Alguém da ponte pula pálido

Vidas
Antagônicas
Eufônicas
Desarmônicas
Verbetes
Que engolem
Palavras

Seria o desnível necessário?
Para que o rio seja verdade?
Arrisco um belisco em desvario!

Ora pra cima
Ora pra baixo
Reza a regra
Céu e inferno

A vida em si nua
É dúbia e insinua
Sobre o brilho da água
Eterno leite materno

quinta-feira, 17 de março de 2011

No berço da solidão

  








Já consigo surfar ereto
Nas minhas lágrimas
E com elas eu lustro
A senzala da minha alma

O coração em manifesto
Quer amar e ser amado
E exige o seu direito
Quer outro ao seu lado

É manhã no medo da noite
Tarde no topo do abismo
O vento corta o limite
Voa no escuro, a esmo

A névoa é o berço da morte
E o pulo? Puro paralogismo...

terça-feira, 15 de março de 2011

É hora de fazer as malas









Íris e seus filhos,
espelhos de um Sol vermelho

Carregam nos olhos
buracos negros
que sugam as almas

É hora de fazer as malas
e seguir em frente,
onde o solo não tremule a fala
não esmoreça o semblante

onde o Sol seja apenas poente

domingo, 13 de março de 2011

Ela é minha!










Minha língua a desbravar
Com fino sabor de vinho.
A sua boca taça-mar
Faz-me tonto redemoinho

O seu corpo é terra firme
Mas nado de peito em suas costas
Pois meu norte é o seu cume
E sua bússola traz-me respostas

Descortinando sua vasta ilha
A mão tão cega segue valente
Rumo à gruta no fim da trilha
Diminui o passo em solo quente

Seu vulcão silente em calmaria
Não expele e espera para espiar
Minha vela hasteada em tocaia
Quando é a hora de atracar

Ela é Gaia, maia é ela!
Ela é diva, viva e bela!
Nela vivo, vivo dela!
Ela é minha era...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Por que isso mami?













Nos olhos da águia
Águas marejam tão rasas
Não raras banham a face-areia
Disfarce na sombra das asas
Camuflam a sobra das penas

Nas línguas, o gosto amargo
O mar go, lambidas de sal
No céu negro do estômago
Suicídio de estrelas, caos

A mãe envelhece trêmula
Os cortes ardem em segredo
O sangue com frio coagula
E os filhos partem mais cedo...

quarta-feira, 2 de março de 2011

Sanguessuga













Deixe me alimentar
nas tuas veias de ideias
Quero teu cérebro
macio, molhado e quente
trovejando neurônios
no céu da minha boca
iluminando meus dentes

Lascivo, salivo faminto
querendo sugar com sal
todo o teu tutano intelectual
A mente, mente, mente!
----- risos insanos -----
Pra mim mesmo eu minto
Sou tua sombra fractal
Mas a inveja consente

terça-feira, 1 de março de 2011

Soneto imperfeito









Soneto imperfeito
Gravetos pontiagudos
Perfeitos, espetados
No peito do próprio conceito

Fazendo do corpo
Saleiro de sangue
E na carne que dorme
O cerne que se consome

Mas e a meta do mote?
A métrica é o norte!
Enlace com corda puída

Sapatos versados de lama
Perdem-se na ponte caída
Enquanto se esvai a alma...