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domingo, 24 de outubro de 2010
Inércia ao sugo
Sou de vagar
Aos olhos velozes
Que de tão famintos
Só conhecem o vácuo
Entre a visão
E o buraco negro
Do estômago
A esperteza desconhece
A própria natureza
E ignora tanto os sabores
Da vida, da comida
Da partida, da reflexão
Da partilha, da conquista
Da boa música, da lágrima
E depois ou antes dela, um abraço
Correm mais que o sangue
De suas próprias veias
Mal sabem o quanto cresceu
Aquela árvore na calçada
Ou aqueles sobrinhos
-- Sobrinhos? --
E aquelas flores
Tão vivas e perfumadas
Resistindo sobre um chão
Feio e quebradiço,
Mas elas continuam belas
Mesmo que não digam nada
Afinal, ninguém conversa com elas
Isso sim é um feito
De sobre...vivência
Pois não basta apenas
Viver por viver
Então sobre..vivam!!!
Quando puderem
Mudem de frequência
Procurem sintonizar-se
Nas boas estações
Onde a chuva
Não é ácida o suficiente
Para corroer a bondade
Mesmo que contida
Daquela velha criança
Tão ingênua, mas que sonhava
E tinha muita esperança
(e eu quero tanto correr
novamente na chuva...)
Assim como as flores
O mundo quer ver
Tuas reais cores
Chega de céu cinzento!
Não bastassem as tosses
Dos veículos e fábricas
Dia-a-dia, a cada segundo
Enriqueçam sim,
Mas o espírito
Antes de tudo
Penso assim,
Mas confiram aí,
Se houver tempo
Nessa agenda pesada...
Ainda fazem da razão
O único tempero que sacia
Empedrando o coração
Nessa bacia de pura inércia
E nesse banho-maria
Além da matéria indigesta
Extrai-se apenas um molho:
A estupidez humana
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